sexta-feira, 27 de abril de 2012

Percentual de pessoas com curso superior completo subiu de 4,4% para 7,9%
Na análise da população de 10 anos ou mais por nível de instrução, de 2000 para 2010, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 65,1% para 50,2%, enquanto o de pessoas com pelo menos o curso superior completo aumentou de 4,4% para 7,9%. Houve avanços em todas as grandes regiões. No Sudeste, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 58,5% para 44,8%, e o das pessoas com pelo menos o superior completo subiu de 6,0% para 10,0%. No outro extremo, estavam a Região Norte (de 72,6% para 56,5% e de 1,9% para 4,7%, respectivamente) e a Nordeste (de 75,9% para 59,1% e de 2,3% para 4,7%).
O Distrito Federal deteve o mais alto nível de instrução em 2010, com o menor percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto (34,9%) e o maior de pessoas com pelo menos o superior completo (17,6%). Em seguida, vieram São Paulo, com 41,9% e 11,7%, e Rio de Janeiro, com 41,5% e 10,9%, respectivamente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sou professora

Quando criança eu acompanhava com muita atenção as questões ligadas à educação no país e queria ser professora, para ajudar a construir o país dos meus sonhos. Um país com justa e igual distribuição de renda, sem corrupção, onde educação, saúde e segurança pública de qualidade não seriam apenas projetos, mas sim realidade.
Era com tristeza que eu acompanhava cada luta dos meus professores para conseguirem um salário melhor, para conseguirem manter o mínimo de dignidade na sua profissão, tão necessária para a construção do país do futuro.
Como estudante de escola pública sentia na pele o descaso governamental com a educação. Era a merenda que não tinha qualidade (isso quando não faltava), era a falta de material didático para as aulas, a falta de bibliotecários nas escolas, a falta de laboratórios, falta de espaço adequado para realização das aulas de educação física e artes, os problemas sérios de infraestrutura, isso sem contar que a cada início de ano faltavam professores e nós ficávamos com aulas livres, e quando professores eram contratados, muitas vezes não tinham formação específica, o que prejudicava muito a qualidade do ensino.
Sonhadora que sou, e não me envergonho de tal coisa, esperava que um dia a educação fosse prioridade para algum governo, e a cada eleição eu assistia atentamente o que os candidatos estavam propondo, e era sempre a mesma história, “a educação estará em primeiro lugar em meu governo”, mas quando assumia o mandato, que nada, os problemas permaneciam como antes, ou ainda pioravam. Mas eu queria acreditar que um dia poderia ser diferente, e continuava sonhando.
Eu vi diversos programas de governo serem criados, diversas leis serem aprovadas, mas nunca vi um governo que tenha colocado de fato a educação como prioridade.
Cresci, e mesmo sabendo que enfrentaria diversos problemas, tornei-me professora. Estou em meu terceiro ano de magistério, e na minha segunda greve. Continuo acompanhando atentamente as questões ligadas a educação pública brasileira, agora do outro lado, e vejo os mesmos problemas repetirem-se ano após ano e o povo calar-se, e os professores e estudantes aceitarem calados e amedrontados uma educação de faz de conta.
Faz-se necessário mais uma vez discutirmos o papel da educação, das escolas e dos professores. Precisamos discutir os motivos dessa nova greve do magistério catarinense, que é sim a luta pelo cumprimento integral da Lei 11.738/2008, conhecida como Lei do Piso, que estabelece em seu artigo 2º, parágrafo 1º que o piso é vencimento inicial das carreiras do magistério, também pelo cumprimento do acordo firmado pelo governo com a categoria durante a greve de 2011, mas é antes de tudo a luta por uma escola pública, gratuita e de qualidade para todos. Essa greve é a demonstração da indignação dos profissionais da educação com o descaso enfrentado diariamente dentro das unidades educacionais no estado de Santa Catarina, não é apenas uma questão salarial, pois a atual situação da educação em Santa Catarina pode ser descrita em apenas uma frase: Ano novo, problemas velhos!
Essa greve é mais uma vez, a luta dos professores comprometidos com a qualidade da educação pública, que buscam valorização profissional e respeito, não apenas para consigo, mas também para com seus alunos, que continuam enfrentando os mesmos problemas que eu vivenciava quando estudante.
Eu continuo me perguntando, como fazia quando criança. Até quando?
Continuo ouvindo promessas. Promessas de investimentos para o próximo ano, de melhorar o salário no ano que vem, de resolver o problema da falta de professores – que continua se repetindo no início de cada ano letivo –, de melhorar as condições de trabalho nas escolas, etc, etc, etc. Mas estou farta de promessas. Aprendi desde cedo que aqueles que não se levantam e lutam por seus direitos nunca os alcançarão. Por isto estou em greve.
Continuo sonhando com um país melhor para todos, e sei que isto passa, invariavelmente pela educação. Sei que pela educação passa a solução dos problemas sociais mais sérios enfrentados no país, especialmente o de segurança pública, pois já dizia o filósofo grego, Pitágoras: “Eduquem os meninos que não será preciso punir os homens.”
Eu sempre acreditei que um povo só é livre quando tem conhecimento. Pois um povo com conhecimento não se permite enganar facilmente, não aceita calado os malefícios que lhe são impostos e busca seus direitos. Mas isso não é interessante a alguns que querem manter-se no poder a todo custo, que querem continuar dominando o povo com facilidade. A estes, interessa manter a situação da educação do jeito que está, pois não é conveniente que o povo saia de sua ignorância e inércia intelectual e política. A estes interessa que os professores continuem calados, e que o povo continue acreditando que está tudo bem, pelo simples fato de não haver greve, pois pouco importa se a educação é de qualidade, o que interessa mesmo é que os alunos estejam dentro das escolas, ocupados com qualquer coisa, que de preferência não os ensine a ter um pensamento crítico. A estes, que ano após ano se perpetuam no poder, interessa jogar a opinião pública contra os professores, transformando-os em irresponsáveis baderneiros, que querem prejudicar os alunos, desvirtuando assim o foco do debate que deveria ser sobre a educação.
Estou em greve e não sou baderneira! Sou ao contrário, integrante da profissão que pode levar o país do futuro a um futuro de prosperidade e igualdade para todos, não apenas para um pequeno grupo.
Sou professora por vontade e continuarei sendo por sonho e teimosia.