Diante de declarações
e entendimentos que parecem querer preparar um clima de conformismo ou de
aceitação de uma solução que não atende ao Projeto FURB FEDERAL, precisamos
enxergar com clareza por que se trata de desculpas que não colam.
Desculpa 1:
"Conseguir uma
federal em Blumenau é muito bom, mesmo que não inclua a FURB".
Não cola porque criar
um campus da UFSC ou uma universidade que não inclua a FURB não é bom.
Algumas das razões:
1. É um dispêndio a
toa de recursos públicos (a FURB pode oferecer já 20.000 vagas sem
investimento, e com um orçamento anual de 150 milhões, enquanto que, por
exemplo, a nova Universidade Federal de Fronteira Sul precisa um orçamento de
200 milhões e tem apenas 3500 alunos). Isto é tão evidente que até o Reitor da
UFSC se nega a aceitar criar um campus da UFSC em Blumenau.
2. Uma vez que outro
Campus da UFSC afetará fortemente a FURB, acabará diminuindo as atividades de
Ensino Superior, Pesquisa e Extensão. Isto porque a FURB terá imensas dificuldades
em manter seu status de Universidade (com pesquisa, extensão, mestrados e
doutorados), enquanto que o campus da UFSC irá com muita parcimônia buscando um
terreno, construindo uma sala, abrindo um curso, contratando um professor.
Nesse processo, teremos uma universidade pronta minguando, uma universidade
nova sendo edificada e a população apenas esperando.
Desculpa 2:
"Federalizar a
FURB pode criar um precedente perigoso".
Não cola porque não
cria precedente, e se criasse não seria um precedente ruim.
Algumas das razões:
1. Uma das
razões mais fortes para federalizar a FURB é o fato de que ela já é uma
universidade pública. Ela funciona como instituição pública não apenas nos
objetivos que atende, mas na sua forma jurídica e processos internos. A FURB
faz concursos públicos, compra por licitação, tem colegiados de universidade
pública, etc. Só não tem financiamento público. O caso da FURB é único,
portanto não é o boi que abre o buraco pelo qual passa uma boiada.
2. Caso alguém
insista em dizer que a FURB abre um precedente, este seria um precedente
fantástico para o Brasil. É um precedente de uma comunidade regional que sem
financiamento governamental criou uma instituição pública e a entregou ao
Estado uma vez pronta, madura, prestando serviços e administrando com
eficiência recursos que vem do privado e se tornam públicos sem que o Estado
tenha que cobrar impostos para isso. Esse é sim um precedente que o Estado
gostaria de ver pipocar.
3. Há outro
precedente, é verdade. O povo na rua lutando por educação pública e de
qualidade com pesquisa e extensão, ou seja, por uma instituição dedicada a
servir às pessoas da Região, do Estado e do Brasil. Realmente, esse é um
precedente que para alguns é perigoso.
Luciano Félix Florit
Doutor em Sociologia
Professor
Departamento de Ciências Sociais e Filosofia da FURB
Coordenador do
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional